A TERAPIA COGNITIVO–COMPORTAMENTAL.
É uma forma de terapia breve que trabalha com focos ou alvos específicos dentro do universo psíquico, buscando o esclarecimento das distorções cognitivas que são responsáveis por sentimentos negativos e condutas inadequadas ou causadoras de sofrimento para a pessoa. As distorções cognitivas são pensamentos sobre o mundo ou sobre si mesmo que não condizem com a realidade. São pensamentos baseados em crenças que estão enraizadas em experiências do indivíduo com o mundo, seja pela vivência pessoal ou por absorção de crenças familiares ou culturais. As técnicas terapêuticas são projetadas para desafiar e corrigir as crenças disfuncionais que estão por trás das cognições.
Um dos primeiros passos ao se iniciar uma Terapia Cognitiva é a identificação dos pensamentos, relacionados à situação-problema, que são responsáveis por desencadear sentimentos e comportamentos indesejáveis. As estratégias da TCC permitem identificar, monitorar, testar as concepções errôneas e pressuposições mal adaptadas que estão por trás de quadros de depressão, fobias, ansiedade, queixas somáticas, etc... Para se obter resultados terapêuticos é fundamental o reconhecimento das conexões entre cognição , afeto e comportamentos e as mudanças duradouras implicam em modificações de crenças nucleares do indivíduo a respeito de si mesmo, do ambiente e do futuro.
O que diferencia este tipo de psicoterapia em relação a outras abordagens :
1- o terapeuta interage com o paciente de forma a criar um elo de colaboração entre ambos tanto para a formulação das metas quanto para o andamento do processo.O paciente tem tarefas a cumprir entre as sessões, que geram um comprometimento consigo mesmo e com seus processos internos.
2- O foco está em vivências recentes e na maneira como se dá o processamento destas.
3- Ênfase sobre a investigação empírica dos pensamentos automáticos, inferências, conclusões e pressuposições do paciente.
A Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron Beck na década de 60 nos USA. Desde então muitas pesquisas e ampliações foram desenvolvidas em sua técnica e esta é uma abordagem terapêutica amplamente aceita e respeitada em todo o mundo pela sua eficácia e pela confirmação cientifica de seu método.
Algumas distorções cognitivas :
01- LEITURA DE MENTE : Presume-se saber o que as pessoas pensam sem ter evidencia suficiente de seus pensamentos. Ex: “Ela acha que sou um fracassado”.
02- ADIVINHAÇÃO: previsão do futuro – “as coisas vão ficar piores!”
03- CATASTROFIZAÇÃO: acredita-se que o que está acontecendo ou acontecerá será tão terrível e insuportável que não se será capaz de resistir. Por exemplo “eu não vou suportar se ele me deixar".
04- RÓTULOS: determina-se traços (características) não questionáveis para si mesmo e para os outros. Ex: “Eu sou incapaz”.
05- DESCONSIDERANDO O POSITIVO: defende-se que as habilidades positivas em si mesmo ou outros são triviais. Por exemplo: “Ele só me ajudou porque porque não queria ouvir as minhas queixas”.
06- FILTRO NEGATIVO: foca-se quase exclusivamente no negativo e raramente observa-se o positivo. Ex: “meus funcionário são incompetentes ”
07- GENERALIZAÇÃO: percebe-se um modelo global negativo com base em um incidente único. Ex: “Eu fracasso em tudo”.
08- “DEVERES”: interpreta-se eventos em termos de como as coisas deveriam ser em lugar de simplesmente focar no que é. Por exemplo: “Eu devo acertar sempre” .
09- PERSONALIZAÇÃO: a pessoa atribui a si uma quantidade desproporcional de culpa por eventos negativos. Ex: “Meu casamento acabou porque eu errei”.
10- CULPABILIZAÇÃO: Considera-se outras pessoas como a fonte de seus sentimentos negativos.. Ex: “meus pais causaram todos os meus problemas”.
12- ORIENTAÇÃO REGRESSIVA: foca-se na idéia do que poderia ter feito melhor no passado, ao invés de focar no que poderia fazer melhor agora. Ex: “Eu não deveria ter dito aquilo”.
13- E SE? : faz-se uma série de perguntas sobre “E Se” alguma coisa acontecesse e nenhuma resposta é satisfatória. Ex: “E se eu não conseguir?”.
14- FOCO DE JULGAMENTO: Mede-se a si mesmo e aos outros de acordo de acordo com um padrão arbitrário. Ex: “ela não se esforça ”
Vânia de Morais
Bibliografia:
Beck, Aaron, 1979, terapia cognitiva da depressão- ARTMED
Beck, Judith, 1997, terapia cognitiva teoria e prática. ARTMED
Leahy, Robert L, 2003, Cognitive therapy techniques, THE GUILFORD PRESS
Beck, A, Freeman, A terapia cognitiva dos transtornos da personalidade, ARTES MÉDICAS